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Microcosmo – Universo de Cores09/2018Exposição gratuita e aberta ao público, no Espaço das Artes do Ciesp-Campinas.

De 03 a 30 de setembro de 2018 , das 8h30 às 17h30, de segunda a sexta-feira.

Artista: José Eduardo Venditte Sidoti
Tema: Microcosmo – Universo de Cores
pintura em tela


Obras Abstratas
arquivo sem legenda ou nomeMicrocosmos – Pequenos Universo de Cores:
 
"Somos, cada um de nós, uma multidão. Dentro de nós existe um pequeno universo." , segundo Carl Sagan. Cores vibrantes e texturas diversas, somos um maravilhoso pequeno universo, capaz de abrigar um ser complexo, que chora, ri, pensa (as vezes), ama, sofre...
 
        A cada respiração, a cada desabrochar de uma semente, somos  levados a viajar neste universo interior de cores e formas orgânicas, onde nós, por vezes, espantamo-nos com os exacerbados contrastes cromáticos.
 
Quanto uma cor pode nos sensibilizar? Que representa em nosso inconsciente uma mancha? Quantas lembranças pode nos arremeter um simples traço ou uma simples linha? Todas estas perguntas foram também alvo de estudos e análise de Kandinsky, e o resultado publicado em seu livro Do Espiritual da Arte, de onde podemos retirar algumas frases famosas que atestam a sua defesa em favor do não-figurativismo:
 
“A cor é a tecla. O olho é o martelo. A alma o piano de inúmeras cordas.”

“Maravilhosa é a tela vazia. Mais bela que certos quadros...”
 
“Não devemos tender à limitação, mas à libertação. Só a liberdade nos permite acolher o futuro.”

        E o futuro é agora. Passemos a “não mais representar objetos próprios da nossa realidade concreta exterior. Ao invés disso, usarmos  as relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira "não representacional", mas sim, a partir do nosso inconsciente”.
 
        Um quadro pode ser a própria ação de pintar. Um quadro pode ser dançar sobre uma tela, enfim, a busca da representação das formas de um mundo sensível. O olho alucina, a mão enlouquece. O quadro faz-se de uma moldura e de uma cor ou de traços e manchas que a preenchem totalmente. Com o abstracionismo e o expressionismo abstrato, o olho e a mão modernos erguem-se perante um céu surdo e mudo. Fala-se do fim da pintura, porém é um enorme equívoco, pois enquanto houver vida, haverá Arte.
 
Quando o artista pinta querendo compor uma sensação clara e durável, ele pode recorrer a traços frenéticos e manchas, pode planejar linhas e cores, pode combinar ao acaso a mão e o olho, mas não deve pensar que no fim a sensação se pode garantir com uma explicação. A sensação resiste às ordens das explicações. A sensação faz-se da modulação de forças mais do que da determinação de formas ou códigos, é sensível à riqueza de materiais mais do que à qualidade de substâncias ou meios.
 
O artista que sabe isto avança sobre a tela com a mão e o olho antes de se pôr a falar: “Vejamos o que a mão diz, façamos o que o olho ouve”. O invisível nunca virá numa fotografia, mas pode fazer-se visível na pintura, diria Klee. Talvez já não seja apenas a experiência  existencial de pintar, de ser o agente da pintura, a ação de uma mão cega, como fazia Pollock. Talvez já não seja a imersão transcendental, de se ver dinâmica num puro espaço-tempo, a visão de um olho maneta, como abstraía Mondrian. No meu caso,  estas obras tornaram-se corpóreas, e o corpóreo tornou-se vago e indizível ou fundiram-se em magmas de cor , manchas, traços e linhas, como interstício de memórias acumuladas (mas delidas). Isto é, a aparente fisicidade desdobra-se em harmonia cromática, abstrações líricas e expressionistas, mais de gesto instintivo do que de raiva ou protesto ideológico. Pode ser tudo, entenda, e ao mesmo tempo, nada.
 
 
Sidoti, Set-2018


 
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