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PASSO IMPORTANTÍSSIMO PARA O BRASIL, AFIRMA SKAF NO SEMINÁRIO MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA01/09/2017Evento promovido pela Fiesp e pelo Ciesp teve a participação de Rogério Marinho, relator da reforma na Câmara
Roseli Lopes e Graciliano Toni, Agência Indusnet Fiesp

A modernização trabalhista, trazida pela reforma da CLT, é um avanço para o trabalhador, para a empresa e para o país, afirmou nesta quarta-feira (30 de agosto) o presidente da Fiesp e do Ciesp. Ele abriu o seminário Modernização Trabalhista, promovido por ambas as entidades da indústria paulista e realizado no Teatro do Sesi-SP, no Centro Cultural Fiesp. “Trará modernidade ao Brasil, trará mais oportunidades para os trabalhadores e mais segurança jurídica”, destacou Skaf. “Foi um passo importantíssimo.”

Em plena Quarta Revolução Industrial, não era possível continuar com uma legislação criada 70 anos antes, explicou Skaf. “O mundo mudou muito. As coisas se transformaram demais, e não podíamos continuar com uma legislação engessada.” O presidente da Fiesp e do Ciesp ressaltou que “a nova legislação permite o diálogo, o entendimento, trazendo as relações trabalhistas a 2017, ao momento que vivemos”.

A modernização trabalhista, lembrou Skaf, junto a outras reformas já feitas e ao limite para os gastos do Governo – e com as próximas reformas, como a tributária e a da Previdência – permitirá que o Brasil experimente  o desenvolvimento sustentável. “Com as reformas estruturais vamos criar as condições para que quando a recuperação vier ela seja duradoura.” E já há sinais de retomada da atividade econômica, disse. “A modernização trabalhista vem ao encontro do interesse maior da Nação brasileira.”
Paulo Skaf na abertura do seminário Modernização Trabalhista, promovido por Fiesp e Ciesp. Foto: Helcio Nagamine/Fiesp
Paulo Skaf na abertura do seminário Modernização Trabalhista, promovido por Fiesp e Ciesp. Foto: Helcio Nagamine/Fiesp
 
Skaf apresentou os expositores do seminário, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), relator da reforma trabalhista, e os juízes do Trabalho Ana Luiza Fischer e Marlos Meleck, que participaram da comissão de redação do projeto.

O seminário teve a mediação de Luciana Nunes Freire, diretora executiva jurídica da Fiesp. A modernização trabalhista, disse, “é um marco nas relações de trabalho”. Ela destacou que houve amplo debate no Congresso antes da aprovação da nova norma. “Temos uma relação de trabalho diferente. O trabalhador é capaz de negociar seus interesses. Tem acesso à informação e é assessorado por sindicatos capacitados.”

“Um trabalho de pós-venda”, foi como o deputado federal Rogério Marinho definiu esta fase que acontece depois da aprovação do texto e antes de sua entrada em vigor, em novembro. Explicou que está em curso um trabalho de esclarecimento, porque depois de 70 anos a lei está praticamente inserida no DNA brasileiro.

Recomendou que as empresas tirem uma manhã para conversar com seus funcionários, para explicar as mudanças, e defendeu que não haja antes de alguns meses uma medida provisória para regulamentar pontos da reforma.

“Todo mundo aqui sabe que uma empresa só prospera se tiver seus funcionários como aliados”, disse. “É uma lei feita a favor do país, mas principalmente mesmo a favor daqueles que estão à margem, sem emprego, precarizados.”

Marinho começou sua apresentação relatando a reforma trabalhista alemã iniciada em 2005, que permitiu um crescimento exponencial do emprego. O contraponto foi a França, que não se modernizou e amargou desemprego.

Também destacou o exemplo da Espanha, que em 2017 crescerá 3%, na terceira expansão consecutiva, e cria cerca de 500.000 empregos por ano. Segundo Marinho, o sucesso econômico se deve às reformas estruturais aprovadas pelo governo em 2012, incluindo a trabalhista.

Marinho apresentou estimativa do Banco Itaú de que a reforma trabalhista sozinha pode levar o Brasil da 117ª para a 86ª posição no ranking de eficiência do mercado de trabalho e a um acréscimo de 0,8% do PIB por ano nos próximos 4 anos.

O deputado exibiu dados sobre as injustiças do mercado de trabalho antes da modernização trabalhista. Na situação atual, há uma exclusão dos trabalhadores mais pobres. A CLT, afirmou, protege os trabalhadores ricos.

Há uma gama extraordinária de trabalhadores desprotegidos, disse, exemplificando com os que atuam em bares e restaurantes.
A reforma, afirmou, prestigia as negociações em relação à legislação, para afastar a insegurança jurídica gerada pela anulação, no Judiciário de cláusulas ou convenções coletivas inteiras. “Nossa preocupação foi que a vontade das partes prevalecesse.” Ninguém pode saber melhor do que quem está dentro das empresas, afirmou.

Também se combate o chamado ativismo judicial. A jurisprudência, explicou, não pode “criar direitos”, invadindo a esfera do Judiciário. “Agora só se faz súmula ouvindo a sociedade e com a maioria de 2/3 do tribunal.”

Marinho destacou as mudanças em relação às horas in itinere e ao fracionamento de férias. Também relatou a retirada do que considerou excrescências da CLT em relação ao trabalho da mulher, como a obrigatoriedade de intervalo de 15 minutos entre a jornada regular e as horas extras.

Segundo o deputado, a mudança feita em 2015 na CLT tirou do mercado de trabalho as mulheres em idade fértil ao impedir seu trabalho em ambientes insalubres. Deu como exemplo os hospitais, que têm todos seus ambientes classificados como insalubres. O efeito disso é que ao engravidar a mulher fique cerca de 2 anos afastada de seu local de trabalho, entre resguardo de 7 meses, licença maternidade de 4 meses e amamentação de 12 meses.
Marinho também destacou o esclarecimento feito na reforma em relação à terceirização. O fim do imposto sindical foi concebido para manter os sindicatos realmente representativos e atuantes.

Luciana Freire lembrou que a Fiesp foi a primeira entidade a se manifestar a favor do fim do imposto sindical. A contribuição passou a ser opcional. Ela ressaltou o fato de essa contribuição ser atualmente obsoleta, na medida em que em nenhum país do mundo ela foi mantida. “Para a modernidade é preciso cortar na própria carne. Nossa bandeira é que não haja novos impostos nem majoração de impostos.”

O deputado federal Rogério Marinho, relator na Câmara da reforma trabalhista. Foto: Helcio Nagamine/Fiesp
 
Demandas
A reforma trabalhista, que terá vigência a partir de 11 de novembro, abrangeu várias outras bandeiras defendidas pela Fiesp, destacou sua diretora executiva jurídica. Exemplos são a terceirização e a solução de conflitos extrajudiciais. “A Fiesp é uma das primeiras instituições a ter a Câmara de Conciliação e Arbitragem que atua na área comercial, e agora temos na lei a arbitragem trabalhista, uma inovação para empregados com salário acima de R$ 11 mil. Uma instituição como a Fiesp, que vem há muito trabalhando pelo diálogo e pela negociação nas relações trabalhistas, apoia integralmente a reforma tendo a certeza de que estávamos no caminho certo”, afirmou.

A diretora da Fiesp destacou ainda a questão da Justiça do Trabalho, classificando-a de desequilibrada sob a lei atual. “Quando uma empresa não comparece a uma audiência se torna ré imediatamente, enquanto um reclamante pode faltar a três audiências, e nada acontece. Muitas vezes a empresa é obrigada a se deslocar até outro Estado porque o reclamante abriu ação em local onde não prestou serviço. Hoje, com a reforma, a Exceção de Incompetência em Razão do Lugar é arguída pela internet, a empresa não precisa viajar para decidir que aquele foro não é competente”, disse.
Ressaltou ainda os altos custos dos depósitos recursais, que com a nova lei trabalhista cairão à metade para a micro e pequena empresa, para o empregador doméstico e para os microempreendedores individuais (MEIs). “A modernização buscou equilibrar o acesso à Justiça do empresário, que tem um alto custo para se defender nas ações trabalhistas”, concluiu.

Marlos Meleck, juiz do Trabalho, ratificou a opinião da diretora da Fiesp, afirmando que a atual CLT precisou ser mudada porque é muito desequilibrada. “Todos falam da dignidade do trabalhador como se o empregador, aquele que gera emprego, não tivesse nenhuma dignidade. A nova lei buscou tratar exatamente trabalhadores e empresários igualmente, com direitos equilibrados. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 60% e 70% das empresas brasileiras têm até 15 empregados, são pequenas empresas”, disse. Citou a burocracia enfrentada hoje pelos empresários, em especial os pequenos, dizendo que o Estado não pode atrapalhar quem quer trabalhar.

A também juíza Ana Luiza Fischer considerou que a nova lei não apenas representará uma revolução nas relações trabalhistas como também vai impactar na vida das empresas ao propor um litígio amigável nos conflitos. “A sociedade brasileira gasta 1,3% de seu PIB para custear seu sistema de Justiça, quando em ouros países esse custo varia entre 0,3% e 0,5% do PIB. No Brasil, esses gastos chegaram a R$ 80 bilhões, em 2016”, disse.
Outro ponto que destacou foi a questão do cumprimento da CLT. “O grande mérito dessa lei é justamente trazer para a legalidade as empresas que hoje não cumprem a CLT”, afirmou.
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